terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Oliver!

(Oliver!)
Estados Unidos, 1968

Direção: Carol Reed
Com: Mark Lester (Oliver) e Oliver Reed (Bill Sikes)
Duração: 153 minutos
Gênero: Drama/Musical

Uma das adaptações mais aclamadas da obra de Charles Dickens, Oliver Twist. Ganhador de 6 Oscars, Oliver! conta a história do garoto órfão de uma forma menos dramática que o convencional.

A história você já deve conhecer. Um menino orfão, expulso do orfanato, se junta a um grupo de meninos ladrões em Londres. Sem muito talento, acaba preso e aí acontece a grande virada da história. Quem conhece as obras de Dickens, deve sempre se lembrar do caráter crítico de tudo que ele escreveu. Nessa obra, ele expõe o problema da marginalidade provocada pela pobreza a que a sociedade londrina era submetida na era vitoriana.

O garoto que interpreta Oliver é um tanto afetado, sim. Mas talvez seja uma característica do cinema na época. Pelo menos a julgar pelos poucos protagonistas infantis dessa época que eu me lembre (por exemplo, o Charlie, da primeira versão d'A Fantástica Fábrica de Chocolate. Você lembra dele: loirinho, bochechas rosadas... uma leve tendência gay - :XXX). Dá uma certa coceira no juízo, às vezes, mas é totalmente compensado pelas interpretações de Jack Wild (Dodger - na foto de azul), Ron Moody (Fagin) e todo o elenco.

Essa adaptação é menos dramática, sim, mas não deixa a desejar. Sua trilha sonora, sempre muito alegre, é o que provoca esse detalhe, mas também ilumina positivamente a saga. Impossível dizer qual das músicas é a mais divertida ou a mais bonita. E vale comentar também as coreografias. Muito bem boladas!! Até hoje, Oliver! é considerado um dos melhores musicais de todos os tempos. E considerando que foi filmado em 1968... que filme!


Naíza

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

La Science des Rêves

(A Ciência do Sono)
França/Itália, 2006

Direção: Michel Gondry
Com: Gael Garcia Bernal e Chalotte Gainsbourg
Duração: 105 minutos
Gênero: Comédia/drama

Seguindo a trilha de Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças, Michel Gondry (dessa vez também como roteirista) traz novamente uma história de conflito psicológico.

Stephane Miroux (Gael) sofre de uma doença em que confunde sonho e realidade. Ao se apaixonar por sua vizinha Stephanie (Charlotte), a doença vai acabar se tornando um problema. Às vezes até você se confunde. Não sabe se ele ainda está no sonho ou não. Isso acaba deixando-o em situações meio constragedoras. Enquanto está sonhando (dormindo ou não), ele é o apresentador de um programa de tv, onde ele pode tudo.

Os responsáveis pela fotografia, desenho e efeitos especiais estão de parabéns. É tudo muito simples, mas tão real e tão bonito... tão poético. Aliás, o filme todo o é. Foi feito pra você achar lindo. Lindo assim: *_*

Gael, como sempre, dá um show. O personagem dele é tão frágil por causa da confusão que se passa na sua cabeça, que chega a parecer uma criança. E também assusta, ao mesmo tempo que comove, a personagem de Charlotte. É difícil lidar com uma pessoa que não sabe se está sonhando ou vivendo. Ela o surpreense várias vezes. São nesses momentos filme que você sente aquela vergonha alheia por Stephane. :// O bixinho...

Mas o ponto alto do filme, além da própria história, que é tocante, é a animação que se faz em alguns momentos do filme. Destaco a cena da destruição e resconstrução da cidade de papelão. É de encher os olhos.

Enfim, é uma obra de arte. Totalmente. O roteiro, as atuações, as animações, os desenhos, a fotografia. E apesar de ser ficção, é inacreditável que isso realmente exista. Mas ah!, se fosse tudo lindo assim...

Naíza

Igby Goes Down

(A Estranha Família de Igby)
Estados Unidos, 2002

Direção: Burr Steers
Com: Kieran Culkin, Susan Sarandon, Ryan Phillippe, Claire Danes, Jeff Goldblum, Bill Pullman e Amanda Peet
Duração: 97 minutos

Filme nada convencional. A vida de Igby é um total tormento. Você acha que tem motivos pra ser rebelde? Ele acha que tem mais, e tem mesmo. Mas dá pra ser rebelde, Igby? Esse filme é instigante... um dos meus favoritos. Não é simplesmente pra você assistir e dizer se é bom ou não. Você vai ficar com ele martelando na sua cabeça durante semanas.

Todas as certezas de um garoto atormentado pela vida, pela família, pela sociedade se transformam em dúvidas, em mais perturbação ainda. Não adianta você esperar por um conflito no meio do filme, porque ele inteiro é um conflito. É genial o modo como Igby condena o padrão de vida exigida pela sociedade. Ele viu o pai ser destruído por ela. É pedir demais que ele entenda que a culpa não foi da sociedade. A mãe é viciada em remédios, o irmão é o exemplo de perfeição, de como Igby deve ser (tem coisa pior pra ser?), o padrinho é um dissimulado, pra mim, ele só ajuda por convenção mesmo, é prestativo e sorridente por convenção, enfim... Por tudo isso, Igby tenta fugir como pode de qualquer educação fornecida pela sociedade. Ele não vai se corromper, vai resistir até o fim. Que se dane sua família, ele não liga! Que se dane tudo, ele não liga! Não? É possível fugir mesmo? É com esse tipo de dúvida que Igby vai se deparar. Os diálogos são brilhantes. As posições de Igby mexem com qualquer um. "Se o céu é tão maravilhoso, por que ser crucificado foi um sacrifício do cacete?", Igby. Daí você tira...

A atuação de Kieran Culkin como Igby é excelente. Engraçado que quem interpreta Igby criança é Rory Culkin (também excelente, apesar da pequena participação), irmão de Kieran (e de Macauley, claro). Redimindo a família, hein?! ^^

Durante toda a saga, você acompanha Igby ser expulso de quase todos os colégios de sua região, fugir da escola militar, ser internado numa clínica de desintoxicação, se divertindo sempre, e depois conhecer uma garota e se machucar por causa dela, se perder na própria identidade, amar e odiar ao mesmo tempo a mesma pessoa, entender que não se conhece e que o mundo não é exatamente como ele pensava. É um filme inteligente e perturbador. Uma perfeita tragicomédia.

Naíza